O governo brasileiro tem condições de enfrentar a tarifa de 50% anunciada por Donald Trump, segundo análise do Washington Post. A medida, que entrará em vigor em 1º de agosto, foi justificada pelo presidente americano como resposta ao processo contra Jair Bolsonaro.
Auxiliares de Luiz Inácio Lula da Silva afirmaram ao jornal americano que o Brasil não se curvará diante da pressão econômica dos Estados Unidos. A estratégia brasileira se baseia na menor dependência comercial em relação ao mercado americano.
Economia brasileira menos vulnerável
“Poderia haver impactos que poderiam desacelerar um pouco nosso crescimento”, declarou um alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores ao Washington Post. “Mas do ponto de vista econômico, o Brasil não tem forte dependência econômica dos Estados Unidos.”
As exportações brasileiras para os EUA representam apenas 1,7% do PIB nacional, conforme relatório da Moody’s citado pela publicação. Em 2024, os americanos compraram US$ 40 bilhões em produtos brasileiros.
A China, não os Estados Unidos, é atualmente o principal parceiro comercial do Brasil. Essa mudança reduz significativamente a capacidade de pressão econômica de Washington sobre Brasília.
Cenário político favorável a Lula
Pedro Abramovay, vice-presidente de programas da Open Society Foundations, declarou ao Washington Post que “o Brasil é menos dependente dos Estados Unidos”. “Não é irrelevante, mas o Brasil pode resistir; isso não quebrará o país.”
A confrontação com Trump pode beneficiar politicamente Lula, que enfrenta queda nas pesquisas de opinião. O presidente brasileiro tem números historicamente baixos de aprovação em seu terceiro mandato.
Analistas ouvidos pelo jornal americano afirmam que o conflito oferece a Lula um adversário claro. Isso permite atacar Bolsonaro ou seus sucessores como alinhados com uma potência estrangeira hostil.
Resposta firme do governo brasileiro
“Eles fizeram política disso, e vamos jogar o jogo”, declarou um auxiliar de Lula ao Washington Post. “Ele não fará ameaças ou cairá em provocação, mas suas respostas serão firmes e ousadas.”
Lula convocou reunião de emergência na quarta-feira para discutir as tarifas trumpistas. Em poucas horas, o governo brasileiro divulgou resposta rebatendo todos os pontos da carta americana.
O presidente brasileiro ameaçou retaliação econômica contra os Estados Unidos. A estratégia inclui não ceder no processo judicial contra Bolsonaro, principal motivação da medida americana.
Fortalecimento dos BRICS
O Brasil tem fortalecido laços comerciais com países do BRICS em detrimento das nações ocidentais. Em 2023, o comércio brasileiro com o bloco foi 50% maior que com EUA e Europa juntos.
Essa diversificação comercial oferece ao governo Lula maior margem de manobra diante das pressões americanas. O caso contrasta com países mais dependentes dos EUA, como Vietnã e Colômbia.
“O que há de novo aqui é que Trump está usando táticas comerciais para fins políticos”, declarou um alto conselheiro de Lula ao Washington Post. “Mas o acordo que ele quer não é aceitável.”